Sair ou não sair do serviço público estadual. Eis a questão!
Publicado em 24/10/2014; Atualizado em 25/02/2021Alguns dias atrás fizermos a seguinte pergunta em nossa enquete no site: “O que levaria você a largar a carreira de Tecnologia da Informação no Serviço Público Estadual?”
Pois bem, seguem nossas considerações e o resultado da pesquisa que servirá de base para as justificativas e argumentações na composição de uma proposta de PCCR da nossa categoria.
É inegável que a TI atua de forma transversal nos órgãos da Administração Pública Estadual, e que a organização estrutural de nossa classe possibilitará o uso racional dos recursos de TI, o seu desenvolvimento e aprimoramento, a padronização, a integração, a interoperabilidade, a normalização dos serviços de produção e disseminação de informações.
Não menos importantes são as ações voltadas à garantia da segurança da informação, muitas vezes também a cargo desses servidores, a destacar a elaboração de políticas e artefatos vinculados à segurança da informação e metodologias de gestão de riscos, de desenvolvimento seguro de software, de gestão de incidentes e de continuidade dos serviços.
Não obstante, o elevado número de desistências e de evasão dos cargos de TI compromete a atuação dos órgãos, no exercício de suas atribuições, que fazem uso da TI como elemento fundamental para gestão e para estruturação das suas atividades.
Este volume de desistência e evasão representa 42% dos classificados nos certames de 2004 e 2010, ou seja, do total geral de 747 vagas, 407 pessoas estão em atividade no Estado.
Após o PCCR de 2005 o cargo de Operador de Microcomputador foi extinto. Entretanto, a exigência de conhecimento técnico em informática aos ocupantes do cargo não garantiu, de forma explicita, o devido reenquadramento desses servidores na área de TI. Considerando-se essa situação os números acima reduzem para 401 vagas / 220 ativos, porém não altera de forma significativa o índice de evasão 41%.
A situação gerada com a extinção do cargo de Operador de Microcomputador também provocou a migração de alguns servidores para atuarem em outras funções, porém o fato de formalmente ocuparem o cargo de Operadores de Microcomputador inviabiliza uma contagem precisa de quantos ainda atuam na área de TI.
Contudo, o que se percebe é que os servidores, atuantes nas diversas estruturas de governo, estão empenhados em desenvolver seus papéis da melhor forma possível com as condições que lhes são oferecidas.
A análise sobre a pesquisa de Satisfação, no gráfico acima, revela que o maior motivo que poderia causar evasão do serviço público estadual é a falta de um melhor plano de carreira, resposta dada por quase 80% dos servidores que responderam à pesquisa. Em segundo lugar a Remuneração maior é destaque com total de 65%.
Oportunidades de capacitação ocupa o terceiro lugar com mais de 60%. E em quartos e quintos lugares vem respectivamente melhor condição de aposentadoria e maior projeção profissional. Porém se analisarmos os cinco últimos quesitos do gráfico, percebemos uma inversão de valores que nos remete à reflexão de que os servidores atuais, são fortemente engajados às suas atividades, sendo pouco provável que sairiam do serviço público por instituição com mais relevância social/política, ou um cargo com diferente formação profissional. Mudança de cidade ou estado e menor responsabilidade e risco pessoal são muito pouco prováveis como atrativos para saírem de seus empregos.
O que se conclui é que existe uma grande evasão motivada, principalmente, pela busca de melhores projeções profissionais e maior remuneração. O pensamento de que esse processo de evasão poderá continuar e se agravar ao longo dos anos, se nada for feito para estancar esse quadro, sugere que teremos um número cada vez menor de profissionais efetivos e aos poucos que restarem, além de sobrecarga das atribuições, poderão não ter um futuro profissional promissor como se espera.
É latente a necessidade de mudança desse cenário, visando fortalecer os vínculos entre servidores e estado, promovendo de forma racional as melhorias salarial e de carreira para além do tempo de serviço mas principalmente por meritocracia e competência profissional.
Agradeço a todos os que participaram desta pesquisa que, espero, seja norteadora para a composição de uma proposta viável para um quadro próprio de TI que há tantos anos se sonha.
Assessoria de Comunicação ASTICTO.